Já temos 21 anos! Como o tempo passou a correr! Recua lá uns
11 anos… alguma vez nos imaginaste onde estamos? Alguma vez numa daquelas idas
para casa depois da primária, nos imaginaste tão longe um do outro? Imaginaste
que podia haver mais na vida que uma bola de futebol ou um jogo da macaca?
Imaginaste que a nossa maior corrida não seria fugir de uns cães mas sim de
outros animais que a vida traz? Imaginaste que deixaríamos de dar a mão em dias
de aflição? Eu não, nem nunca me passaram tais atrocidades pela cabeça. Aliás,
mesmo agora quando me debruço sobre isso, penso que é mentira termos crescido
tão rápido. Não pode ser, nem tempo para respirar tivemos. Viemos tão rápido
parar aqui aos vinte e um que não houve espaço para pensar nos doze ou nos
dezasseis ou nos dezoito, quando ainda nos víamos dia sim dia sim. Podíamos nem
estar juntos todos os dias, mas víamo-nos e isso bastava-nos. E a ti também.
Nunca ninguém me deu tanta segurança só com a sua presença, e isto disse-te
vezes sem conta. E isto tu sabes que pode vir o mundo agarrado ao universo que
o teu carinho era único e insubstituível. Insubstituível! E continua a ser…
Vieram os 21! Nunca estamos preparados para um número tão
dramaticamente intenso e cheio de merdas. É uma idade que denomino de
organizacional. Tens de organizar tudo o que aprendeste na sonhadora infância,
na puta da adolescência, nos carismáticos 20 e transpô-los para o cabrão do
futuro… e foda-se, é tão longo esse futuro que tremo cada vez que me vem à
cabeça que nunca mais terei 21 para organizar tão sinteticamente a minha vida.
E isto sou eu a dar o ar da minha graça para que mais uma vez aprendas algo
comigo. Mas aprender o quê? E acho-me quem? Num dos (poucos) textos que escrevi
anteriormente lembro-me de ter dito que já não era dona e senhora de tudo o que
pensava ser. Isto são os vintes a dar-me uma lição. Sabes, eu não sei nada e tu
também não, por isso vou deixar-me dos conselhos manhosos, porque os dou sempre
e sempre deixo de os levar para a minha vida.
Os 21! Não te respondi à mensagem que me mandaste nos meus
21! Agora que só és tu a ler, vou confessar que tive o dia inteiro à espera da
tua mensagem. Não por saber que era tradição seres o ultimo a enviar-me os
parabéns, mas por estar roída de curiosidade para saber o que é que aquela
mensagem me traria. Saber se continuavas o meu Rodrigo. Admito também que
fiquei bastante aliviada quando a recebi porque, por momentos, ocorreu-me que
não mandarias. Não por te esqueceres (sei que podia vir o mundo agarrado ao
universo, que não te esquecerias), mas sim por simplesmente não mandares.
Também não por teres deixado de nutrir qualquer espécie de carinho por mim, mas
sim por simplesmente não mandares. E é tão simples como te estou a tentar
explicar. Como já disse anteriormente, a vida traz-nos às vezes coisas mas
também nos tira muitas, e não mandares só porque não, seria super normal. Eu
sei, isto pode estar a parecer estranho mas a vida dita isso mesmo. E da mesma
forma que tu te referiste a boas/más amizades que possam ter surgido/mantido na
minha vida, eu sei melhor que ninguém (e sei mesmo) com quem posso contar e a
quem posso chamar amigo. Podem ser poucos, mas sei. Mas também sei que tu sabes
isso para o teu caso, e melhor que ninguém, tal como eu. Porque nós é que
comandamos todos os passos e decisões que fazemos. O futuro, por muito que seja
cabrão, somos nós que o fodemos ou não. E sei que sabes isso.
Os meus 21 com os teus 21! Eu vou ser sincera, não me
apeteceu responder à mensagem. Não me apeteceu porque não me apeteceu. Não me
apeteceu sintetizar todo um sentimento numas miseras frases como estou a fazer
agora. Para mim faz sentido transcrevê-los (até porque sabes que sou apologista
da escrita), mas transcrevê-los para ti, já não tem lógica. Porque posso estar
a escrever mil e uma coisas e tu interpretares de outras mil e uma maneiras.
Quem me dera estar agora sentada numa esplanada qualquer só para te explicar
isto. Isto e que sou a mesma Eunice mas que já tenho tão pouco de Dália em mim.
E gostaria de ouvir de ti que és o mesmo Rodrigo mas com tão pouco de qualquer
coisa em ti. Só isso. Só isso nos daria pano para mangas para uma tarde cheia
de tanta coisa que já foi tão nossa.
Os teus 21! Muitos parabéns meu irmão! Que este e os mil
dias que se seguirão te tragam felicidade mas acima de tudo liberdade para
voares contigo, com o amor, com a amizade e comigo, porque eu quero voar
contigo também na minha vida.
"The miles just keep rolling
As the people leave their way to say hello
I've heard this life is overrated
But I hope that it gets better as we go
As the people leave their way to say hello
I've heard this life is overrated
But I hope that it gets better as we go
I'm here without you, baby
But you're still on my lonely mind"
But you're still on my lonely mind"
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