terça-feira, 11 de março de 2014

Fazes anos

Os 20 mais 1! Tal como tu me disseste no início da mensagem que me mandaste, eu também não sei por onde começar. Não sei porque já não tenho imaginação/inspiração nenhuma para escrever. Alguém me disse que a idade muitas vezes traz estas coisas, neste caso tira-as. Mas tu fazes anos e eu precisava urgentemente de te escrever, pois (in)felizmente não estou aí do teu lado para te dar um beijo na bochecha e um abraço apertado, como fazemos sempre quando nos encontramos. Quando é que foi a última vez que isso aconteceu? Apostava mais de um ano bem à vontade. E isso deixa-me muito triste. Triste e com raiva, chateada até. Como é que isso se tornou possível? O que é que aconteceu para isso acontecer? Foste tu? Fui eu? Foi a vida.

Já temos 21 anos! Como o tempo passou a correr! Recua lá uns 11 anos… alguma vez nos imaginaste onde estamos? Alguma vez numa daquelas idas para casa depois da primária, nos imaginaste tão longe um do outro? Imaginaste que podia haver mais na vida que uma bola de futebol ou um jogo da macaca? Imaginaste que a nossa maior corrida não seria fugir de uns cães mas sim de outros animais que a vida traz? Imaginaste que deixaríamos de dar a mão em dias de aflição? Eu não, nem nunca me passaram tais atrocidades pela cabeça. Aliás, mesmo agora quando me debruço sobre isso, penso que é mentira termos crescido tão rápido. Não pode ser, nem tempo para respirar tivemos. Viemos tão rápido parar aqui aos vinte e um que não houve espaço para pensar nos doze ou nos dezasseis ou nos dezoito, quando ainda nos víamos dia sim dia sim. Podíamos nem estar juntos todos os dias, mas víamo-nos e isso bastava-nos. E a ti também. Nunca ninguém me deu tanta segurança só com a sua presença, e isto disse-te vezes sem conta. E isto tu sabes que pode vir o mundo agarrado ao universo que o teu carinho era único e insubstituível. Insubstituível! E continua a ser…

Vieram os 21! Nunca estamos preparados para um número tão dramaticamente intenso e cheio de merdas. É uma idade que denomino de organizacional. Tens de organizar tudo o que aprendeste na sonhadora infância, na puta da adolescência, nos carismáticos 20 e transpô-los para o cabrão do futuro… e foda-se, é tão longo esse futuro que tremo cada vez que me vem à cabeça que nunca mais terei 21 para organizar tão sinteticamente a minha vida. E isto sou eu a dar o ar da minha graça para que mais uma vez aprendas algo comigo. Mas aprender o quê? E acho-me quem? Num dos (poucos) textos que escrevi anteriormente lembro-me de ter dito que já não era dona e senhora de tudo o que pensava ser. Isto são os vintes a dar-me uma lição. Sabes, eu não sei nada e tu também não, por isso vou deixar-me dos conselhos manhosos, porque os dou sempre e sempre deixo de os levar para a minha vida.

Os 21! Não te respondi à mensagem que me mandaste nos meus 21! Agora que só és tu a ler, vou confessar que tive o dia inteiro à espera da tua mensagem. Não por saber que era tradição seres o ultimo a enviar-me os parabéns, mas por estar roída de curiosidade para saber o que é que aquela mensagem me traria. Saber se continuavas o meu Rodrigo. Admito também que fiquei bastante aliviada quando a recebi porque, por momentos, ocorreu-me que não mandarias. Não por te esqueceres (sei que podia vir o mundo agarrado ao universo, que não te esquecerias), mas sim por simplesmente não mandares. Também não por teres deixado de nutrir qualquer espécie de carinho por mim, mas sim por simplesmente não mandares. E é tão simples como te estou a tentar explicar. Como já disse anteriormente, a vida traz-nos às vezes coisas mas também nos tira muitas, e não mandares só porque não, seria super normal. Eu sei, isto pode estar a parecer estranho mas a vida dita isso mesmo. E da mesma forma que tu te referiste a boas/más amizades que possam ter surgido/mantido na minha vida, eu sei melhor que ninguém (e sei mesmo) com quem posso contar e a quem posso chamar amigo. Podem ser poucos, mas sei. Mas também sei que tu sabes isso para o teu caso, e melhor que ninguém, tal como eu. Porque nós é que comandamos todos os passos e decisões que fazemos. O futuro, por muito que seja cabrão, somos nós que o fodemos ou não. E sei que sabes isso.

Os meus 21 com os teus 21! Eu vou ser sincera, não me apeteceu responder à mensagem. Não me apeteceu porque não me apeteceu. Não me apeteceu sintetizar todo um sentimento numas miseras frases como estou a fazer agora. Para mim faz sentido transcrevê-los (até porque sabes que sou apologista da escrita), mas transcrevê-los para ti, já não tem lógica. Porque posso estar a escrever mil e uma coisas e tu interpretares de outras mil e uma maneiras. Quem me dera estar agora sentada numa esplanada qualquer só para te explicar isto. Isto e que sou a mesma Eunice mas que já tenho tão pouco de Dália em mim. E gostaria de ouvir de ti que és o mesmo Rodrigo mas com tão pouco de qualquer coisa em ti. Só isso. Só isso nos daria pano para mangas para uma tarde cheia de tanta coisa que já foi tão nossa.
Os teus 21! Muitos parabéns meu irmão! Que este e os mil dias que se seguirão te tragam felicidade mas acima de tudo liberdade para voares contigo, com o amor, com a amizade e comigo, porque eu quero voar contigo também na minha vida. 



"The miles just keep rolling
As the people leave their way to say hello
I've heard this life is overrated
But I hope that it gets better as we go
I'm here without you, baby
But you're still on my lonely mind"


(gostaria de combinar alguma coisa contigo quando fosse a Leiria, mandarei mensagem*)

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