sábado, 28 de agosto de 2010

eu não sei se hei-de fugir ou morder o anzol

Dizem que a pior noite é a primeira mas para mim não. A pior noite é a terceira porque na primeira deixas entrar, na segunda digeres e na terceira reténs todos aqueles monstros. Na terceira já pensas de cabeça vazia e de coração ainda mais partido. Na terceira já tudo é mais verdadeiro e conclusivo, a dor já está tão entranhada que não há volta a dar.
Escrevo hoje a toda a gente que já sofreu um verdadeiro desgosto de amor, escrevo para aqueles que já tiveram o grande primeiro amor e que o perderam num estalar de dedos tal como o apanharam, escrevo para mim própria e para ti porque sei que um dia te irás lembrar que é aqui que me desmancho em letras, escrevo principalmente para ti, confesso. É um desabafo que se espera longo e demorado, é um desabafo ao tempo e às próximas facadas, é um desabafo à ironia da vida e às consequências dos nossos actos.
Tal como disse anteriormente, apanhei-o (prefiro não me dirigir exclusivamente a ti como tenho feito até agora) uma segunda vez num longo estalar de dedos. Admito que o medo nunca me deixou 5minutos sossegada e que isso consumia-me noite e dia em silêncio. Mas não me canso de dizer 'bendito o dia em que ele me apareceu à frente'. Lá está, foi o grande primeiro amor que me entrou sem mais nem menos no olhar e no coração. Cresceu a cada segundo, se é que isso seja possível. Digamos que a cada dia que passa o sentimento é ainda mais sentido e a felicidade não pára de engordar a um ritmo alucinante. Todos os que são licenciados nestas andanças sabem bem do que falo. Nunca sonhámos tanto, nunca sorrimos tanto, nunca transpirámos tanto a presença de alguém, nunca mergulhámos tanto num carinho de alguém, nunca protegemos tanto, nunca desejámos tanto, nunca amámos tanto. Amar? Sim, é este o verbo que pode ser conjugado no passado, no presente e no futuro, não há limites pois sabemos bem como é um apaixonado. Todo este universo de borboletas na barriga vai-nos tornando inconscientes fazendo com que a típica citação 'tudo o que é bom acaba depressa' seja esquecida. E no que é que resulta? Num amor ainda maior e mais incontrolável que não deixa os bichinhos da consciência atuarem na altura oportuna. Se eu já era toda do coração de certeza absoluta que este amor me deu mais uns mil orgãos para juntar à minha colecção. Mas sabem que mais? Não me arrependo nem uma nesga. Não me arrependo de nada... ou se calhar até arrependo. Arrependo-me do sofrimento que causei a outros. O egoísmo também nasce sempre com o primeiro amor. O egoísmo de casal, corrijo. Não se pode controlar, é assim mesmo e só temos de aprender a manobrá-lo à nossa maneira, pelo menos para evitar o seu ataque total. Depois é aqui e ali que começam a nascer outras coisas que sozinhas são meras pedritas mas quando as espertinhas se lembram de se unir está tudo estragado. Pode nem estar estragado mas é meio caminho para que isso aconteça. Digam o que disserem não são só os mais fortes que lhes conseguem dar luta, é quem tem confiança em si e ponto. Eu não tive. E o que é que isso fez? Isto. Estas incertezas, estes apertos cavernosos, estes soluços ofugantes e estas lágrimas monstruosas, estes tremores mortais e estes berros silenciosos enraivecidos por pensamentos metafóricos e literais ao mesmo tempo. E o pior é este sentimento de medo por mim mesma. Continuo a ter medo mas desta vez não é o medo de antes, é o medo de ele me escapar do olhar e do pensamento. É um medo estúpido que se associa a umas infinitas perguntas e nenhuma sem resposta. E o estado de espírito que se possui de nós? São uns 'não sei' que se transfiguram numa sensação estranha de anestesia.
Neste momento não sei mesmo, estou sem saber o que pensar, dizer mas também não quero. Acho que toda a gente a quem me dirijo já se sentiu assim, ou continua a sentir. Se prefiro assim? É claro que sim, porque enquanto existe este tempo e este espaço continuarei a guardar o seu beijo doce, o seu abraço quente, o seu cheiro maravilhoso, os seus olhos meigos, a sua voz estrondosa, a sua pele macia e o seu sussuro ao meu ouvido.
Aqui vos digo que espero se tiver de esperar porque afinal de contas ainda o amo da mesma maneira. Sim, da mesma maneira única tal como ele, único.

5 comentários:

  1. nao sei bem, mas este texto contagiou-me imenso, identifiquei-me com ele de certa forma. nao fiques triste, liberta-te desses apertos, dessas lágrimas, de tudo o que te faça sofrer. talvez essa seja a única maneira de conseguires ultrapassar esta má fase, e mesmo que nao o consigas, orgulha-te de pelo menos tentares. força*

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  2. eu estou contigo e estou, gosto de ti com muita força e ele tambem, sabes disso. não deixes fugir algo com medo de ti mesma, quando sabes tao bem o bem que ele te faz. e sabes, se algum dia fores abaixo, eu vou estar lá para te meter para cima.

    és grande dália, és mesmo *

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  3. "Se eu já era toda do coração de certeza absoluta que este amor me deu mais uns mil orgãos para juntar à minha colecção. - e dps ainda ouço musicas assim, e escrevo assado, e choro comó CRL. mas eu sou estúpida, diria a carlota. hei-de aprender a 'mandar foder tudo'."

    fonte: dália

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